Obrigada, Orwell, por mais uma obra incrível que põe o dedo na ferida de forma majestosa. É um livro muito curto, mas a sua mensagem é muito bem transmitida. É o retrato de como o poder pode corromper e os valores inicialmente defendidos podem transformar-se. Habitualmente, transformam-se no sentido de beneficiar um pequeno grupo em detrimento dos restantes elementos. «Ninguém acredita mais convictamente do que o Camarada Napoleão na igualdade entre todos os animais. Ele teria (...)
Boy Erased é um relato tocante de Garrard Conley, um homem que, em jovem, foi sujeito a uma terapia de cura da homossexualidade numa associação chamada Amor Em Ação. Sim, leram bem. «O objetivo do exercício era perceber como aquelas lembranças eram sórdidas e remodelar todas para que se encaixassem no propósito de Deus.» Garrard cresceu numa família batista conservadora, para quem a homossexualidade era uma anomalia e, naturalmente, obra do Diabo. Os pais de Garrard tudo (...)
Estava, naturalmente, com muita expectativa em relação a este livro. Esta obra é um marco na nossa História e é "obrigatório" para leitores ávidos. «Agora que estou a reler o meu diário após um ano e meio, estou surpreendida com a minha inocência infantil.» Esperava (não que desejasse), estupidamente, um relato cru daquilo que foi o Holocausto. Mas este livro valiosíssimo é nada mais nada menos que um relato rotineiro de uma menina de cerca de 13 anos. Calha que esta menina (...)
Que livro absolutamente estrondoso e essencial para quem leu A História de uma Serva. Eu li, como sabem, e entrou nos meus favoritos de 2020 e de sempre (em breve sairá vídeo no canal de YT sobre os melhores de 2020). Se o primeiro volume da duologia foi bom, este foi incrível. O livro abre a janela para que possamos espreitar a vida e pontos de vista de três personagens: a de Tia Lydia (seria expectável esta abordagem, e foi muito enriquecedora), a de uma rapariga nascida e criada (...)
Confesso que não é o estilo de livro que me costuma atrair, mas o Pra Cima de Puta não é só mais um livro que encaixa naquele separador que me afasta um pouco chamado "agora toda a gente publica livros". Pra Cima de Puta é uma semente que é premente semear (passo o pleonasmo), regar e cuidar. Esta é uma discussão essencial e da qual dependemos para sermos melhores, individualmente e em grupo. «Este livro é um ponto de partida para o estudo desse fenómeno desumano, criminoso, (...)
Ai, que livro tão, mas tão quentinho! É mesmo daqueles livros de que estamos a precisar neste momento tão gélido de afastamento, sofrimento e desesperança. Antes de mais, quero elogiar a escrita de Backman, tão simples e crua, livre e terna. É tão fácil e direto identificarmo-nos com o que as personagens sentem, que parece impossível. «A mulher suspira, um suspiro tão profundo que se atirássemos uma moeda lá para dentro nunca a ouviríamos bater no fundo.» O livro (...)
Disse que estava cansada de policiais, não disse? Pois bem, é verdade! No entanto, se a minha mãe recomenda, vou ter de ler! A minha mãe falou-me muito neste livro e aliciou-me bastante a lê-lo, prometendo que era um policial que se destacava daqueles a que estamos habituadas. O livro divide-se em três principais cenários: a vida de Laura, que é a tal rapariga que sobreviveu; a investigação encabeçada por Tess Winnett (que propõe a reabertura de um caso que apresenta muitas (...)
Este é o segundo livro da trilogia Não Matarás de Pedro Garcia Rosado. Descobri o autor numa das minhas deambulações sem destino à Bertrand online e fiquei muito surpreendida pelos temas abordados nos policiais e pelo preço dos livros (sem promoção). Um fator que apelou ao meu coração foi, sinceramente, o facto de o autor viver nas Caldas da Rainha, a minha cidade. Depois de uma ótima experiência com A Cidade do Medo, cuja história ainda a guardo na memória mas já não (...)
Houve momentos em que sentiste que estavas errado. Não errado num teste, numa resposta, numa prova. Errado, profundamente errado na vida. Os clichés, são-no porque, em princípio, têm um fundo de verdade. Com uns concordamos, com outros não, mas a ideia de que os momentos menos felizes nos fazem crescer e nos mostram quem temos (quem temos verdadeiramente) é uma realidade. Sentiste isso, não foi? Por mais que aceites os outros, sabes quem tens. E são tão poucos, não é? A maior (...)
Foi a minha estreia em C.J. Tudor e, com certeza, será o primeiro de muitos livros da autora que irei ler. O Homem de Giz é um thriller psicológico que cria um ambiente sombrio, embora suportável, em torno da personagem principal. A história é-nos contada por Ed Adams, um professor de inglês de 42 anos, intercalando entre os anos 80 e 2016, na sua meninice e idade adulta respetivamente. Uma sucessão de crimes hediondos, macabros e enigmáticos, constantemente acompanhados de (...)